terça-feira, 6 de setembro de 2011

Me ame ou Amy


Parte da sociedade em que vivemos é composta dos abutres de plantão, são os profetas do acontecido em cima do muro aguardando as tragédias, são os desconhecidos fazendo julgamentos de outrem. Eles trazem as respostas para os problemas alheios, como se fôssem imunes a tantas mazelas humanas.

Se Amy teve ajuda ou se não conseguiu aceitar ajuda, não sei. Não a conheci pessoalmente, não dormi com ela, não fui companheiro quando ela esteve sozinha consigo mesma, o pouco que sei e é o que cabe a mim um simples mortal amante da boa música, é que Amy fez tão bem e tão ironicamente algumas belas melodias com sua poesia expressiva e auto-destrutiva.

Aos 27 anos partiu com sua voz inconfundível, com seu visual original, com seu talento. Como um meteoro.

Agora vejo piadas prontas na internet, na TV uma avalanche de jornais tocando suas músicas, vasculhando sua vida pessoal, como se fôsse um objeto desprezível, quem nunca a ouviu agora a “curte” e a “adora” e tem compaixão por Amy, meu Deus, que hipocrisia tamanha...

Os problemas dos quais ela, à sua maneira chamou a atenção, estão aí nas nossas esquinas, em nossas famílias, aliás sempre estiveram, tantos anônimos que partiram com suas dores e angústias, mas suas lutas íntimas não tiveram o clamor popular, não tiveram os holofotes da mídia...

Culpada ou inocente? O julgamento não me cabe.

Na memória ficará a bela voz da cantora precoce, autêntica e visceral.

Me ame ou Amy.

Consumo


Consumo
mas não assumo

perdido no dilema
de ter 
e não ser.

Consumo
a qualquer rumo

alucinado pelo prazer
de ter
deixo de ser.