domingo, 27 de novembro de 2011

                               inabalável,                                                                  
                                              imaterial,                                     
           
                                                             subjetiva,
               Fé.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Clementino de Paulo


De uma família tradicional mineira, o Clementino de Paulo, nasceu em Santana dos Montes (MG) na data de 14/11/1911, vindo residir em Conselheiro Lafaiete (MG) onde foi galgando respeito e fama, se tornando uma pessoa muita conhecida e importante na antiga Queluz de Minas (MG). E num certo momento da sua vida, seu brilho era muito grande e já não se cabia no Clementino pai da Fia, Zezé, Luiz, Rute, Glória, Tuniquinha, Hermínia, Toninho, Rogério, Réuber, Rúbia e Roberta, e aí se incorporou o artista, e logo ganhou as alcunhas de “Sanfoneiro“ e de “Tenente Sanfoneiro”, mas a marca registrada se deu mesmo foi com “O Tenente”, apelido que se tornou sua patente pelos quatro cantos.
Além de avô paterno, era meu padrinho de crisma, confirmado na Igreja de Santa Terezinha no bairro Vila Carijós.  Amante da pescaria, ele sempre causou curiosidade entre os antigos pescadores, pela forma como ele mesmo preparava suas varas de bambú, de cor escura e bastante resistentes. Adorava passarinhos, possuía muitas gaiolas e viveiros, tinha o costume de vender canários principalmente para os jogadores profissionais que chegavam para os jogos no campo do Meridional. A habilidade artesanal se destacava na construção de oratórios, gaiolas, viveiros, além de consertar guarda-chuva e sombrinhas, também fazia serviços de carpintaria e de pedreiro para os assistidos da Conferência.

Exerceu por muitos anos o cargo de Guarda-freios, na Estrada de Ferro Central do Brasil, vindo a se aposentar na mesma tempos depois.Ele caprichava nos ternos, o chapéu e os sapatos sempre combinavam com seu traje sempre elegante. Católico praticante, sempre foi membro da Irmandade de Santo Antonio, Confrade de São Vicente de Paula. 
Grande colaborador dos festejos religiosos, seus préstimos se davam nas festas das Igrejas de Santo Antonio e Santa Efigênia, ora como leiloeiro nas barraquinhas, ora animando os fiéis com a sua inseparável sanfona.
Cinéfilo de carteirinha, era frequentador assíduo nos cinemas lafaietenses, tinha por esse motivo, uma grande amizade e respeito, pagava meio ingresso ou muitas vezes era convidado a entrar de graça. Presença obrigatória nas sessões de estréias dos clássicos westerns, dramas e aventuras hollywoodianas e cinema nacional. Veio a falecer em 1973.
E foi na música a sua manifestação maior, além de ser o grande precursor da musicalidade que a família carrega, foi um dos maiores sanfoneiros das gerais de Minas. Naquele tempo Luiz Gonzaga era sucesso pelo país, mas em Conselheiro Lafaiete (MG) e demais regiões, o Tenente impunha seu estilo musical, dedilhava a sanfona pesada como ninguém, animava shows e festas particulares com sua habilidade nata, e era inevitável a comparação com o rei do baião. Muito se ouviu por aquelas bandas que ele não devia nada para o velho Gonzagão.

Além de ser um autodidata, impressionava a maneira que incluía em seu repertório novas canções, era somente questão de ouvir e em pouco tempo já tocava tranquilamente as belas canções da época.
Meu pai Luiz Sebastião, na infância e adolescência sempre era designado a acompanhá-lo no pandeiro, pelos bailes, festas juninas e nas rádios. Ele tinha muita alegria em contar as inúmeras histórias dele junto com meu avô, eram casos muito engraçados que trazia à tona gargalhadas intermináveis. E dentre várias, contava meu genitor que nos eventos musicais sempre acontecia os desafios, uma disputa entre os músicos da noite nas festas ou concursos, e o Tenente já sabido vencedor do embate “esnobava” o adversário com seu talento, e como dizia meu pai, ele “floreava" um pouco mais, arrancando mais aplausos da platéia, e quem estivesse no pandeiro ou triângulo tinha que acompanhá-lo nos improvisos, seu aviso era apenas no olhar.
Conforme meu pai, meu avô era por vezes sistemático, mesmo nos intervalos dos bailes, ele não tinha o costume de deixar algum aventureiro pegar na sua sanfona, e o cuidado e respeito se fazia mais ainda com seus músicos. Mas numa noite que prometia varar a madrugada, num lugarejo vizinho, no auge do baile o anfitrião se desentendeu com ele por causa dos lanches, e meu avô enfezou, fechou a sanfona, mandou guardar o pandeiro, disse que não ia tocar mais, que ia embora. E deu-se aquele rebuliço, o anfitrião e os convidados implorando para que ele voltasse a tocar, mas nada o fez desistir da idéia, e eles foram embora para a estação ferroviária aguardar o próximo trem que só passaria ali naquela localidade somente de manhã, e permaneceram na madrugada de muito frio até o dia amanhecer.
E como todo pescador tem lá sua boa história, meu pai era a gargalhada em pessoa ao contar e relembrar a história do “tôco preto”, quando em certa pescaria ele, meu avô, e o inseparável amigo Adão, viram algo mexendo no meio da lagoa escura, após um breve silêncio meu avô ajeitou o chapéu, preparou a velha garrucha, e mirou bem no meio daquilo que se mostrava algo perigoso, após os disparos foram conferir o alvo, e viram que era nada mais do que um “tôco preto” preso naquelas águas sujas, e sem perder tempo ouviram do velho sanfoneiro: “Não era, mas se fosse...”, as risadas foram contidas na presença do Tenente, mas depois e por longa data não teve como conter o riso.
E no seu centenário 14-11-1911 / 2011, muito mais que casos divertidos, ficará para sempre a sua história de vida, escrita com muita dignidade e determinação. 
O patriarca dos "de Paulo", foi abrigo e travessia, é orgulho e memória.

Texto: Luiz Cláudio.
Colaboradores: Hercílio Silva, Luciano Andrei e Carmen.
Fotos: Luciano Andrei.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Túnel

   

Corro no túnel,

mal que atrai, curva me trai
num segundo outro mundo
túnel escuro e impuro
agora me vejo no desejo
de correr ou me perder,

corro do túnel,

não te quero, nem venero
seus habitantes, todos distantes
com suas tristezas e incertezas
sem metas, sem retas
no canal  de um mal.

Soneto para Senna


Ah, Senna...
aquele aceno
sempre encena
saudosa cena,


pódio acima
sua sina
uma rima
dói rima,


ah, Senna
sem aceno
nenhuma cena,


bem acima
que sina
triste rima.