Décadas atrás, uma árvore de madeira escura e pesada, tombou ao chão pelas mãos do homem, com sua potente motoserra. Virou uma estante.
Quando entrou em nossa casa, chegou negra e bonita, moderna para suportar vários discos de vinil, que meu Pai com seu gosto musical apuradíssimo possuía, eclético ele ouvia e comprava de tudo, portanto precisávamos de um móvel capaz de guardar tantos LP’s (Long Play).
Através de nosso genitor íamos viajando nessa que sem dúvida é uma das línguas universais, a música é esse mistério que transcende qualquer explicação, é infinito o estado espiritual em que a melodia nos remete...
E meu Pai deixou um acervo fantástico, ao longo dos anos ele foi trazendo novidades, nos lapidando para composições da qualidade de um Beethoven, de Beatles, de um Benito di Paula, alguns exemplos só para ficar na letra B. Aos poucos buscamos novas aquisições para o arquivo, dentre tantos outros monstros sagrados vieram Bob Marley, B.B. King, Kraftwerk, Enya, Jorge Ben, Caetano, Gil, Zé Ramalho, Djavan, U2. Até ontem entre CD's, LP’s, compactos simples e duplos, já ultrapassa a marca de 1.300 exemplares.
Só mesmo a crioula para abraçar sem nenhum preconceito vários estilos musicais, grandes gênios como também promessas perdidas no caminho, trilha sonora de filmes, e vários mais.
Hoje ainda imponente, a estante, além dos discos, ingressos de shows, artigos, revistas e fotos; ela guarda a memória musical da minha vida.