segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Penso, Blogo Existo !!!


                    Paulo, Luiz Cláudio de
                 
                      Pessoa
                      Pacífica
                      Procura
                      Passear
                      Pelas
                      Páginas
                      Poéticas
                      Para 
                      Provar,
                                
                      Para
                      Pensar,                    
                                                                                
                      Para
                      Progredir,

                      Para viver
                      Próximo
                      Poente,

                      Para
                      Pulsar
                      Paz.


( Para acalmar minha inquietude existencial )

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Neriane



                    A Flor Mulher sabe o que quer,
                     liberdade plural nos caminhos, no tempo
                     a conquistar horizontes.

                     Borboletas
                     pétalas sensuais, ocultando algo mais.

                    Intensidade, liberdade, amizade,
                    temas ou poemas? Essência.

                    De alma boa, lá vai ela
                    sorrindo para a vida,
                    decidida, digna, bela.

                    Borboletas a voar, a buscar
                    na efemeridade das coisas
                    ou na fragrância do ser... Amar.

                    Lá vai a geminiana
                    nem ingênua nem insana... Mulher,
                    uma bela Mulher !!!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Ginga


Andar
torto? Não,
não é caminhar
na contra-mão.

Ginga

que swinga
etnia do negro.

Andar

por andar
cansa o pé,
prefiro um arrasta pé.

Ginga

que brinda
o caminhar do negro.

imagem: Luciano Andrei
   

Grupo Santa Casa de Belo Horizonte

A claridade salta pela janela, a metrópole aumenta seu volume sonoro, é hora de levantar. Um bom banho e as orações matinais, é o ritual que me cabe cumprir, em meio à preguiça e a estranha sensação de acordar entre pessoas até então desconhecidas. Mas é a situação que se apresenta para mim, e não há como fugir dessa realidade a qual espero ser momentânea, 
pois a saudade de casa é imensa. Ir até a lanchonete bem rápido e comprar um jornalesco, antes que o café da manhã chegue no quarto, uma passada na capela é trajeto obrigatório. No elevador vejo a movimentação dos funcionários fazendo a troca de turno, o quadro de pessoal é composto de belas enfermeiras, e elas vão chegando sorridentes com seus alvos uniformes a nos brindar com seu "bom dia" peculiar. A fome é imensa, é hora de voltar ao quarto, pelos corredores ouço o barulhinho do carrinho de café da Sra. Marta e sua equipe, que traz junto da primeira refeição seus causos de família, histórias da filha, e da sua igreja evangélica. 

E nas três vezes em que aqui estive, os amigos foram se revezando nos quartos, dentre eles Valdemir o cômico, Eduardo o espiritualista e dono do rádio, Paulo o caladão, Wladimir o mais alto astral,  Ildeu a humildade em pessoa,  Marcelo o inquieto, Sr. Zezé o tranquilo, o novato, e Sérgio o falante. E o rádio do Eduardo já amanhece sintonizado na Alvorada FM, música de qualidade que nos dá motivação para mais um dia de vários exames, coletas, remédios, dietas rigorosas, pulsoterapia. 

A música vai nos distraindo, aliviando a ansiedade por boas notícias, pois não é fácil esperar resultados num quarto de hospital. Maus presságios são afastados a todo momento, principalmente com as amizades que fazemos por aqui, e também a leitura de livros, a música, as brincadeiras e muitas risadas, as histórias de família, causos engraçados ou tristes nos tornam mais íntimos, nos aproxima, ao compartilharmos nossas vidas percebemos o semelhante, de mãos dadas nos sentimos mais, somos mais. 



Na hora do almoço e no café da tarde, tudo se repete. A fome é grande, a dieta da nutricionista é rigorosa, uma fruta ou um biscoito na gaveta é a salvação. As enfermeiras conversam bastante conosco elevando nosso astral, as faxineiras também interagem com os pacientes, os médicos muito solícitos, e assim caminha mais um dia no Hospital.

Nesse universo de tamanha complexidade que lida com a matéria e o espiritual, que trata de vidas, que salva pessoas, que dá esperança, que alivia ou cura, ou sendo mais pessimista que prepara o ser humano para a inevitável partida para algures. Aqui dentro percebe-se várias manifestações, sente-se o que não se pode ver, o invisível e o palpável caminham nesses longos corredores, nos elevadores, nas portarias, por toda parte há um certo mistério que paira no ar. 

A noite serve-se o jantar, mais tarde o lanche, e depois o silêncio pede passagem, ele vai reinando aos poucos, vai se infiltrando aqui e acolá quando pelos corredores já não se vê quase ninguém, até as nossas salvadoras enfermeiras já reduzem o número no quadro de pessoal, o rádio já dorme, alguns colegas já ensaiam os primeiros roncos, é assustador ver um prédio imenso como esse ir se calando aos poucos, é assustador.

Mas tudo tem o seu porque, o seu para que, o momento é de refletir os desígnios de Deus, e trabalhar a aceitação é o que me cabe no momento, saber que por hora meu mundo é aqui, sei que um dia voltarei à normalidade junto aos meus familiares, isso é questão de fé e de tempo, mas por enquanto minha missão é cuidar da perda de proteína nos rins e principalmente rever minha vida espiritual.

A madrugada cresce e o sono não vem, então com caneta e papel na mão, caminho para o corredor onde ainda há luz acesa e me ponho a escrever e dialogar comigo mesmo o que sinto agora, a saudade de casa, da família, das minhas coisas, do nosso mundo particular que por muitas vezes não damos o devido valor. 

E aqui dentro me ponho a agradecer a Deus, por todo o tratamento, pela dedicação de todos os funcionários para comigo, todos os pacientes que nos tornamos cúmplices das dores e alegrias, enfim tudo que compartilhamos aqui nesse 8º andar, ala "D", Setor de Nefrologia, Hospital Santa Casa de Belo Horizonte/MG, onde fui muito bem atendido e hospedado nas novas instalações que um ser humano merece.

Do alto dessas janelinhas vejo a vida com outros olhos, quando eu passava lá fora na avenida francisco sales nem imaginava o que ocorria aqui dentro, onde a madrugada cresce em agonia, onde alguns gemidos de dores desafiam o silêncio, daqui de cima vejo as luzes dos prédios se apagando aos poucos, daqui vejo a cidade adormecendo, e eu aqui pensando em Deus e refletindo sobre a vida, em tempos de esperas...  

Dedico estra crônica ao Dr. Milton e sua equipe médica, a todos da enfermagem e em especial as enfermeiras Márcia, Maria Helena e Vanessa.